luciana gerhard

Nasceu em Manaus, em 1991. Vive em Belo Horizonte desde os 8 anos. Estudou Ciências Biológicas na Universidade Federal de Minas Gerais e participou de projetos de pesquisa na Universidad Nacional de La Plata, Argentina, onde residiu em 2013. Manteve contato com diversas linguagens artísticas através de cursos livres nas áreas da música, artes cênicas e poesia. Atualmente faz parte da residência artística Selvva e é coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II de uma escola construtivista, onde também já foi professora de ciências e linguagens.

contato: gerhardluciana@gmail.com

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um mar nas mãos

as mãos, embora limitadas pelas fronteiras da pele e da cartilagem, podem ser o terceiro idioma que dá vida quando a língua vacila

ocean vuong

as tuas mãos como elogio do gesto
como idioma materno
para minha lingua estrangeira

as tuas mãos como princípio
limpiando yo
orientando yo
hasta el precipicio

as tuas mãos como imagem
ideogramas orientais
na sombra da parede
que testemunha a atração

as tuas mãos como invasão poética
parcimoniosa de significantes
escolhem também os silêncios
as rachaduras
para podermos submergir

- será que não é essa a hora em que o espírito cresce?

as tuas mãos livres de discursos
enigmáticas, justificáveis
quando dançam
em freestyle

as tuas mãos artesãs
primitivas
com todo o empenho forjam
ferro, madeiras, pepitas, estrelas

as tuas mãos sereias abissais
com fósseis impressos na palma
guardam a história dos bichos jurássicos
e o tempo geológico do mar
no deserto

as tuas mãos como língua
na ausência de idioma

as nossas mãos vazias
exceto pelas nossas mãos

um mar nas mãos